segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Muito Além do Bem e do Mal



Não, não vou falar de Nietzsche, embora recomende a leitura. Hoje vou falar de julgamentos.

Uma vez, num seriado desses americanos, se não me engano, Dawson's Creek (não valei que era recente) ouvi uma frase que dizia: "Não existe certo e errado. Apenas suas escolhas e as consequências delas". Gostei muito dessa frase, achei-a muito verdadeira, pois sempre tive problemas com a noção de certo e errado.

Se você, que está lendo este texto, me conhece, provavelmente essa revelação foi surpreendente, e vc deve estar pensando "A Renata, toda politicamente correta, tem problemas com o certo e o errado?" Sim, leia atentamente a frase. Falei que tinha problemas com a noção de certo e errado, e não em escolher aquilo que acredito ser o certo PRA MIM"

Não acredito, porém, nessa idéia de certo e errado universal. Não porque não acredite que haja coisas que nenhuma pessoa deveria fazer, e não consiga entender direito o que leva as pessoas a agirem assim... Tenho um enorme respeito pelo ser humano. Acredito que nada do que propositalmente leve alguém ao sofrimento físico e emocional deveria ser feito.

Meu problema com o certo e errado tem origem em 3 pontos, sobre os quais vou falar a seguir:

1) A abertura que estes conceitos dão para julgamentos - apesar de ninguém ser perfeito, a enorme maioria das pessoas adora focar sua atenção nos outros; colocar a auréola de anjo e sentir-se no direito de julgar (e condenar) as pessoas à sua volta.

2) O modo como estes conceitos alimentam a culpa - a maioria de nós cresceu em meio à diversas cobranças com relação à maneira como devemos ser e agir; junta-se a isso a idéia de pecado e temos uma mistura capaz de alimentar a culpa das pessoas por anos à fio, e quando estamos focados demais na culpa, não abrimos espaço para nosso crescimento e desenvolvimento pessoal. Acredito sim que todos nós temos uma consciência, mas o resultado dessa consciência tem que ser a responsabilidade, e não a culpa. A responsabilidade nos impulsiona a aprender com nossos erros, consertar os estragos e crescer. A culpa nos paralisa na auto-punição, ou nos faz fugir dos resultados de nossas próprias atitudes.

3) E agora vou falar um pouco de espiritismo - se somos seres em evolução, que estamos aqui para aprender e evoluir, então não nos é possível errar, não há um caminho errado a seguir. Agimos sempre tentando acertar; acreditando que estamos agindo da melhor forma possível. Utilizamos dos conhecimentos que temos no momento da escolha pra optar pelo que nos parece mais correto, e como podemos dizer que erramos, se não sabíamos como agir de outra forma? Ou até sabiamos que havia outra alternativa, mas não acreditávamos na eficácia dela? Com as nossas escolhas "erradas" vamos aprendendo, crescendo, descobrindo maneiras de não agir... Todos os caminhos a nossa frente são o caminho certo, pois ele sempre nos trará aquilo que estamos precisando aprender.

Não existe a possibilidade de falarmos em um certo para todos, porque as pessoas vão aprender as coisas de maneiras diferentes, da maneira que for melhor para elas... Algumas crianças aprendem que fogo queima por ouvirem alguém dizer isso, outras aprendem ao verem alguém se queimar, e outras, mesmo que conheçam a teoria, vão precisar acender a vela e colocar o dedo nela para realmente aprender, e cada uma dessas escolhas vai trazer vivências e experiências diferentes para essas crianças. Não existe um jeito melhor ou pior de aprender - existe a maneira mais eficiente para cada uma dessas crianças.

Por isso, ao meu ver, não existe o errado, pois sem o erro valiosas lições seriam perdidas. Não existe o mal. E, como o certo só existe em oposição ao errado; e o bem em oposição ao mal, logo, estes também não existem.

"Não existe o certo e o errado. Apenas as suas escolhas, e as consequências delas" - e a vida irá te cobrar a responsabilidade de encarar essas consequências, sem culpa, de preferência.

Nenhum comentário:

Respeito

Vai ter mulher descendo até o chão sim Dançando funk, axé ou samba... ballet até, quem sabe? E não importa se ela é deputada, ministra, advo...